Após nossa visita à Tupungato Winelands seguimos rumo a nosso próximo destino para passar o final do dia e noite – a bodega e pousada Salentein. A Salentein é um empreedimento estrangeiro de um grupo de investidores, principalmente holandeses, que resolveram apostar neste novo terroir na Argentina, o Valle de Uco há cerca de 10 anos atrás. O empreendimento Salentein compreende um total de 86.000 hectares. Aqui entram além dos vinhedos, exploração de frutas e pecuária. A Bodega tem uma área total de 2.000 hectares, no entanto, hoje, menos de 10% dessa área são explorados para as vinhas. Tem uma produção anual em torno de 2.800.000,00 garrafas ano exportando para mais de 40 países.

O nome Salentein vem do castelo homônimo onde o proprietário reside na Holanda e, segundo consta, ele vem três vezes ao ano a Argentina para acompanhar o andamento do projeto.
Chegamos no dia 29 no final da tarde e a Bodega já estava fechada, por isso, rumamos diretamente para a pousada. O caminho que leva a ela é incrível, uma estrada de terra e pedra de mais ou menos 1 Km de extensão rodeada de alamos e com a agua do degelo correndo entre as árvores…uma paisagem de cartão postal. Chegando a recepção fomos conduzidos aos quartos sem burocracia, nada de check in ou confirmação de resevas…segundo o atendente, depois, quando estivéssemos tranquilos e instalados, poderíamos preencher os papéis.

O acesso para a pousada e os álamos...
Os quartos são cabanas no meio dos vinhedos que recebem nomes de cepas, o nosso foi o Malbec, perfeito, em todos os detalhes. Na varanda não se escuta absolutamente nada além do ruído da água do degelo passando ao lado do quarto. Além disso, uma garrafa de Salentein Cabernet Sauvignon Reserva e um drink de boas vindas nos foi oferecido como forma de nos inserir no contexto da bodega.

Entre as opções de entretenimento, mountain-bikes estvam disponíveis para que os hóspedes pudessem conhecer os vinhedos e os demais atrativos da região. Resolvemos (Eu e o Cristiano, que escrevemos esse post à quatro mãos) dar umas bandas e encontramos uma paisagem incrível, intervenções arquitetônicas completamente integradas ao ambiente (como a lindíssima capela onde paramos para agradecer pela incrível oportunidade que estávamos tendo, além da própria bodega e cava de vinhos). Saindo da bodega e pegando a estrada visualizamos a vizinhança que conta com fincas e bodegas como Sophenia, Tapiz, Rutini e a surpreendente Azul (que será tratada em um post em breve). Um belo banho de piscina lavou o corpo cansado após as pedaladas e nos preparou para o que estava por vir.

O que pode ser melhor que uma piscina dessa depois de umas pedaladas??
À noite um jantar de três passos com direito a harmonização faz parte da diária da pousada. Conhecemos o gerente geral, Andres, que muito solicito, sabendo de nossa wine trip nos ofereceu para acompanhar o prato principal, truta, um Pinot Noir Primus safra 2007, a linha TOP da casa, além de nos dar dicas preciosas sobre outras opções de visitas na região.

Um brinde!!!
No dia seguinte rumamos para a visita e degustação na Bodega Salentein. Apesar do nosso já relativamente extenso cardápio de bodegas visitadas ao redor do mundo, poucas nos impressionaram como esta. Simplesmente estonteante, a entrada dá para um prédio de mármore e pedra com uma esposição de arte do artista Ruggero Leoncavallo, wine bar e loja. Aqui combinamos que passaríamos pelo passeio turístico completo para ver como funcionava e analisar se seria interessante como nos passeios privativos que havíamos feito até então. Iniciamos com um vídeo que contava um pouco a história da Salentein e seu legado, com imagens lindas e informações sucintas e bem interessantes.

A entrada da Bodega Salentein já impressiona...
Após este primeiro passo rumamos para outro prédio atravessando mais uns 100 metros de paisagem, onde realmente se localiza a produção. Tudo é colossal nesta bodega, desde a sala de fermentação e maceração com inúmeras pipas de inox de 5000 litros novas até a cava com mais de 5000 barricas de carvalho francês e americano novas.

No meio da nave da "catedral"com suas 5000 fiéis barricas de carvalho.
Depois de um passeio rápido guiado, sim, até guia tivemos neste encontro!! Passamos a sala de degustação com uma mesa de mármore travertino com mais de 3 metros de comprimento e 60cm de largura, simplesmente de perder o folego.

Jonas em nossa mesa de degustação privativa!!!
Degustamos 4 vinhos neste momento:
1º – Salentein Reserva Sauvignon Blanc safra 2011. Lindo amarelo esverdeado muito transparente, com aromas de ervas frescas, maracujá e frutas tropicais, na boca muito franco e típico e, apesar de não ter a força de alguns exemplares chilenos, estava realmente muito bem finalizado, com uma acidez muito bem posicionada. Excelente surpresa.
2º – Primus Pinot Noir safra 2007. A linha Primus é a linha TOP da bodega, poucas garrafas produzidas e somente nas melhores safras. Este não nos impressionou, muita força e pouca elegância, seus 15% de alcool e 18 meses de carvalho realmente se mostram em demasia, apagando a tipicidade desta casta. Uma informação importante: no dia anterior degustamos o mesmo vinho sem ter sido decantado – ao contrário deste que passou por uma decantação de quase 1 hora – ficondo realmente bem melhor e mais equilibrado que o primeiro. Se vc for degustá-lo, fica a dica de obrigatoriamente passar uma aeração prévia de 1 a 2 horas.
3º – Salentein Reserva Malbec 2010. Um malbec ao estilo Parker, potência, extração, alcool, um tinto de pegada para aqueles que gostam de um Malbec ao verdadeiro estilo Argentino.
4º – Primus Malbec 2007. Aqui chegamos a um Malbec de respeito, apesar de seguir um estilão de força e concentração, apresentou uma elegância incrível, no nariz e na boca um perfeito equilíbrio entre seu lado macio e seu lado de dureza. Grande final de boca, boa persistência. Uma excelente escolha de compra para essa bodega.

Freaks reunidos e felizes após a bebedeira...ou melhor...degustação!!!
No geral os vinhos da Salentein que degustamos estavam todos muito bons, contudo, a impressão que nos passou foram de vinhos padronizados, feitos para agradar a um mercado sedento por vinhos perfeitos, sem arestas, mas nós, freaks, queríamos mais, queríamos vinhos que nos apresentassem arestas, pequenos defeitos, vinhos de autor, mas que no conjunto da obra fossem obras primas. Foi o que encontramos em nossa visita seguinte, mas isto é assunto para nosso próximo post.
Arriba, abajo, al centro e adentro!
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